Mal se mensione a palavra justiça, todos respondem em coro “ela não existe”. Exagero. Nem todos. Os que conhecem menos o sistema de justiça e suas normas de funcionamento.
A justiça cabo-verdiana está neste momento enfiada numa saia justa, por causa do julgamento de Amadeu Oliveira: se o absolve, o Tribunal está a admitir, na prática, que esse advogado tem razão e a justiça não funciona neste país. Se o condena, está a dar sinais de que o corporativismo está acima da transparência judicial, uma ameaça clara à liberdade de opinião.
Em Cabo Verde, para se justificar o orçamento da magistratura e do Ministério Público nacionais, existe sempre argumentação politico-institucional. Até esquecem-se de que existem cidadãos com conhecimento das manobras de corrupção judicial existente no país. Ou seja, que os negócios dentro da justiça já são bem identificados pelas populações.